Entrevista com Professor Egídio Trambaiolli


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  O Professor e autor Egídio Trambaiolli Neto, diretor da editora  Uirapuru, conversou com o Bastidores da Arte sobre educação e  tecnologia.
  Egídio é formado em Pedagogia, Ciências, Matemática, Química e Pós-graduado em Bioquímica. Além de possuir cursos complementares de Astrofísica e de Língua Inglesa. Tem em seu currículo a publicação de vários livros na área educacional, desde Educação Tecnológica a Roteiros de TV.

Bastidores da Arte - Como e quando surgiu a ideia de escrever livros infantis?
 Egídio Trambaiolli - Eu iniciei minha carreira escrevendo livros para o público com idade a partir da pré-adolescência, mas a convivência com os meus filhos em idade escolar foi decisiva para que eu me envolvesse com a literatura infantil e optasse por escrever também para crianças. O resultado foi incrível! O carinho e a receptividade fez com que eu me sentisse pai de todos os leitores. Em outras palavras, escrever para crianças amplia sua paternidade (ou maternidade, conforme o caso), pois a responsabilidade em contribuir para a formação desses pequenos cidadãos é muito grande e faz com que você se preocupe com cada leitor, com cada família.

Bastidores da Arte - Como você vê hoje os leitores mirins? A família tem buscado apresentar mais a leitura desde cedo ou este ainda é um processo tardio?
Egídio Trambaiolli - Apesar de se ter aumentado o número de leitores mirins, ainda estamos distantes do número ideal de apreciadores da leitura aqui no Brasil; enquanto em muitos países a leitura de livros extrapola a marca de dez livros literários por ano, aqui, quando muito, ficamos restritos à adoção dos livros de literatura adotados pelas escolas. Isso é um reflexo cultural. Infelizmente muitos pais preferem comprar um jogo de videogame, do que presentear seus filhos com livros. Portanto, atingir a essa meta depende também da família, principalmente do hábito: se os pais não desenvolveram esse gosto desde a infância, provavelmente também não lerão quando adultos e não servirão de referência para os filhos. Devemos nos lembrar que a família é o principal modelo que a criança utiliza em sua formação. Logo, se os pais não leem, os filhos provavelmente também não lerão.

Bastidores da Arte - Os seus livros abragem vários temas e são educativos. Como é lidar com este público? Como é o processo de criação e desenvolvimento?
Egídio Trambaiolli - Nossa sociedade está recheada de problemas que influenciam na formação do indivíduo; o bullying, por exemplo, é um problema de imensa amplitude: se a criança não vai bem na escola é taxada de "burra", se é exemplar, recebe o rótulo de "NERD"; portanto, ser mediano virou referência. Isso mostra que os modelos culturais estão sempre fragilizando a formação do indivíduo. Vivemos também a época em que se estimula a prática dos esportes, o que é positiva, mas a imprensa se preocupa em fomentar a rivalidade, trazer à tona o hábito do deboche de quem perde e de enaltecer o vencedor, o que atiça as torcidas rivais, alimentando o ódio que causa a desgraça para tantas famílias; depois, ironicamente, a própria imprensa critica com a maior cara-de-pau as rixas entre torcidas uniformizadas. Tudo pela audiência! Se você  for um educador ou se preocupa com a formação do cidadão, conseguirá ver uma infinidade de problemas que merecem ser discutidos com seus aprendizes; por esse motivo, jogar a semente da reflexão por meio da leitura faz com que você contribua para a formação de seres racionais e ponderados. Creio que a partir daí você tem como lidar com o público leitor, pois ele conhece a tua opinião e você abre seus horizontes para o debate, permitindo, inclusive, que você mesmo reflita sobre seus pontos de vista e sua abordagem. Isto é fantástico! A criação de um livro depende de sua sensibilidade, às vezes você vê um problema e decide lutar contra seus efeitos negativos, outras vezes vem a inspiração de se criar uma história totalmente fictícia, na qual você mergulha e vive todas as emoções dos personagens. Isso é muito gratificante e envolve muitas pesquisas. Você come, bebe, vive, sofre, chora, sorri, quer fazer justiça... tudo, como se fosse integrante de parte da história. Você sente como se tivesse o controle em suas mãos, podendo decidir sobre o destino das pessoas. Curiosamente, muitas vezes você cria um personagem para que ele tenha uma personalidade específica e, no transcorrer da história, passa a refletir sobre suas ações e tenta entender o que o levou a se comportar daquela forma, assim, de repente, o destino do enredo pode levá-lo a mudar o jeito de ser e de pensar de seu personagem. Surge, então, uma simbióse na qual o autor é uma espécie de Deus em seu universo.  

Bastidores da Arte - Analisando o perfil dos leitores hoje, qual deve ser a preocupação do autor além do texto?
Egídio Trambaiolli - A reflexão. Os livros devem ser instrumentos de reflexão, permitindo ao leitor envolver-se com o enredo e compartilhar dos sentimentos dos protagonistas, colocando-se no lugar dos personagens, buscando em sua experiência de vida formas de corrigir erros, resolver conflitos e buscar soluções para os problemas apresentados. É incrível, o leitor acaba se colocando na condição de "Grilo Falante", ou seja, de Consciência, refletindo sobre os atos, ponderando sobre as ações dos protagonistas. Portanto, o autor tem uma responsabilidade incrível na formação dos cidadãos, fazendo-o refletir sobre situações que viveu, está vivendo, viverá ou, até, jamais terá a oportunidade de viver, mas que lhe serve de exercício de formação. É por isso que dizemos que os livros possuem alma!
         
           Bastidores da Arte - Como a tecnologia no seu ponto de vista influencia no processo     de leitura? E qual a importância de   conciliar as duas coisas?

Egídio Trambaiolli - A tecnologia está cada vez mais presente no cotidiano, hoje ela é fundamental! Você já viu como as empresas e muitas pessoas ficam quando cai o sinal da Internet? Queira ou não, o uso da Internet estimulou o domínio da leitura para muitas pessoas e exige que o hábito da leitura seja usado indiretamente; contudo, de modo intenso e interativo. Creio que esse hábito pode e deve ser usado como fator de estímulo para a leitura. Se o leitor tiver como interagir com o texto, isso poderá levar a tecnologia digital a se transformar em uma grande aliada da leitura de textos literários. Mas, há outras vantagens. Se levarmos em conta que cada pessoa é responsável pela derrubada de uma árvore por ano pelo que consome de papel nesse período, é possível notar que a tecnologia digital poderá ser uma solução para esse problema, além de aliviar o trânsito e reduzir a poluição provocada pelo transporte da madeira, dos materiais utilizados na produção de publicações e até na distribuição dos livros, revistas, jornais etc. A meu ver, o uso da tecnologia como aliada é um caminho sem volta e muito promissor. O meio ambiente agradece!


Conheça algumas obras do autor:

  


 Taty é uma menina cheia de caprichos que costuma rotular e discrimar as pessoas por causa da aparência e Paty é uma criança com Síndrome de Down.
 Emocione-se com essa história que nos ensina a respeitar o próximo e a aprender com a inclusão social.






 Quantas infâncias são roubadas anualmente em nosso país? Quantas crianças realizam trabalhos infantis no Brasil? São perguntas sem respostas, pois, infelizmente a exploração do trabalho infantil ainda faz parte de nossa realidade, é criminosa e precisa ser combatida.







Para conhecer mais sobre o autor acesse: Editora Uirapuru
Ou acesse o blog do autor: http://egidiotneto.blogspot.com 

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Jéssica Tavares

Aprendiz de fotógrafa, futura jornalista, Jéssica Tavares divide seu tempo entre estudar para o curso de comunicação social e trabalhar como analista de mídias sociais. Ler, escrever, criar, fotografar, fazer arte é o que move o seu dia a dia. 

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